22 março 2008

Amor ou Apêgo?

“ Nós precisamos do sofrimento para apreciar a felicidade”, pelo menos é isso que muitas religiões pregam...o sofrimento purifica a alma. Recentemente descobri que não precisamos sofrer para sermos felizes. Sofremos porque nós mesmos criamos o curso do sofrimento. Uau, essa descoberta caiu como uma bomba! ENTÃO eu mesmo estou me sabotando? Mas como assim? Como é possível eu criar deliberadamente o meu próprio sofrimento? Aí é que está a chave da questão. A palavra deliberadamente não é exatamente a mais apropriada para explicar o fenômeno que o budismo explica como: SAMSARA

Explico: Através da ignorância, inconscientemente nós criamos o sofrimento. Desilusões. Normalmente nós achamos que a causa do sofrimento é externa. Fatos e pessoas nos fazem sofrer. Isto é uma ilusão criada por nosso mente. Todo sofrimento tem causa e condição, as causas são construídas dentro de nós mesmos. Fica a nosso critério fazer alguma coisa para removê-las. Na maioria das vezes estamos viciados em manter pensamentos negativos. Apego, inveja, raiva, mágoa, pre´-conceitos, julgamentos... Esses pensamentos criam emoções que não fazem parte de nossas mentes. Nós não nascemos com eles.

“O sofrimento é uma característica inerente ao amor” ...esta parece ser uma máxima largamente experimentada pelas pessoas que amam ou já amaram um dia. Mas será que amaram mesmo? Ou criaram uma ilusão de apêgo. Apêgo – devido ao senso de posse que desenvolvemos , temos medo de perder. Esse medo tem origem no sentimento de propriedade e alto senso de valor próprio exacerbado. O objeto de propriedade alimenta uma carência afetiva ou de valor que julgamos merecer. Na maioria da vezes confundimos Amor com Apêgo. Esses são sentimentos completamente diferentes, no entanto a grande parte dos relacionamentos que se dizem ser baseados no amor o são pelo apêgo. Como? Se o sentimento existe para se obter prazer; isto é apêgo e não amor. Amor é compartilhar, cuidar, e desejar que o outro seja feliz e que eu possa contribuir com isto mesmo que seja para eu não estar junto. O prazer existe mas não é o objeto da relação. Sofremos porque criamos a ilusão de que a pessoa objeto de nossa afeição é responsável por nossa felicidade. Como ela não é e nunca será, a realidade se torna uma desilusão e portanto um, sofrimento.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito deste post. Ele se aplica muito bem a situações recentes. Vou virar seu leitor assíduo.

Beijos,

Cintia S. Lima disse...

Oi Fernando. Obrigada por visitar meu blog e apoiá-lo com seu comentário. De um jornalista e profissional como vc. isto é uma honra! Bj