Viagem ao Oriente Parte VI
Conhecendo Darjeeling e a Partida
Na manhã seguinte queria
sair bem cedo para aproveitar o dia e ver os pontos turísticos de Darjeeling,
para à tarde seguir minha viagem para o Nepal. Os donos do Hotel me ofereceram
levar até a fronteira aprox. 90km por U$55, achei alto o valor, e como havia
lido sobre esse caminho, que era
travessia do povo dos Himalaias
para o Nepal, decidi fazer o trajeto por conta própria e transporte disponível
– mal sabia que mais tarde eu me arrependeria. Para não correr o risco de
perder meu avião já reservado na fronteira do Nepal para Kathmandu, às 12h40 do
dia seguinte, eu teria que descer as montanhas no mesmo dia e dormir em
Siliguri, para seguir viagem no dia seguinte. Para meu infortúnio o dia
amanheceu chovendo. Havia arrumado as malas no dia anterior e acordado às 6h00
para aproveitar a manhã. Ninguém estava acordado no Hotel,
para eu tomar café, e eu não poderia sair com aquela . Portanto tive de esperar
até próximo das 8H00 quando consegui tomar café e avisar o rapaz do Hotel sobre
o meu checkout às 12h00.
Sai andando feliz, pois a chuva havia parado e deixava um cheiro fresco de folhas verdes no ar. As árvores brilhavam e o céu ficou de um azul intenso como se estivesse sido lavado e polido.
Peguei um atalho por entre as casas da região. Uma característica de Darjeeling são as inúmeras vielas, becos, e passagens favorecidas pelas construções desorientadas de casas e prédios em terreno íngreme e desregular das montanhas. Descia pelas vielas em direção à estação de trem. No caminho pude contemplar um pouco da vida do morador dos Himalaias, pois passava em frente e aos fundos de suas casas, muitas vezes abertas revelando os afazeres de seus habitantes. Gente simples, pobre e aparentemente trabalhadores. Mulheres agachadas no chã, em seus sáris e lenço na cabeça, lavando roupas nas pedras de frente de suas casa. Homens tb agachados (posição preferida dos indianos), fumando ou mascando sua erva. Fumaça saia das casas revelando o uso de lenha no preparo da refeição matinal.
Sai andando feliz, pois a chuva havia parado e deixava um cheiro fresco de folhas verdes no ar. As árvores brilhavam e o céu ficou de um azul intenso como se estivesse sido lavado e polido.
Peguei um atalho por entre as casas da região. Uma característica de Darjeeling são as inúmeras vielas, becos, e passagens favorecidas pelas construções desorientadas de casas e prédios em terreno íngreme e desregular das montanhas. Descia pelas vielas em direção à estação de trem. No caminho pude contemplar um pouco da vida do morador dos Himalaias, pois passava em frente e aos fundos de suas casas, muitas vezes abertas revelando os afazeres de seus habitantes. Gente simples, pobre e aparentemente trabalhadores. Mulheres agachadas no chã, em seus sáris e lenço na cabeça, lavando roupas nas pedras de frente de suas casa. Homens tb agachados (posição preferida dos indianos), fumando ou mascando sua erva. Fumaça saia das casas revelando o uso de lenha no preparo da refeição matinal.
Hoje é somente um ponto turístico e faz um trajeto curto entre duas cidades. Como o trem sairia às 13:30h eu teria tempo para ver outros lugares na cidade antes de partir. Fui para o zoológico da Darjeeling. Onde moram Pandas Vermelhos. Uma espécie rara em extinção de urso com raposa, que vive nas árvores e é típico da região do Himalaias. O Zoo da cidade é pequena e tem talvez umas 10 espécies de animais, mas é muito bem montado e infinitamente pacífico. Fica em um morro alto, todo arborizado com uma avenida larga principal que contorna o parque e passa por todos os cativeiros. O primeiro que vi foi o Panda. Estava em uma árvore. Eu sendo a única visitante no momento ele levantou a cabeça e olhou para mim. Quando fui bater uma foto para registrar aquele momento, a bateria acabou.Apesar da falta de sorte, me sinto afortunada pelo momento vivido.E teno a cena na minha memória. O Panda Vermelho tem cabeça redonda e olhos cercados por uma pelagem castanho, cor de fogo. Seu corpo é todo branco de pelagem macia, e seu rabo é como o de uma raposa, na cor avermelhada como os olhos. Ele vive nas árvores e come bambú. Vi também o guizão, macacos, lobos, o tigre de bengala, o leopardo nuvem, com manchas pretas que parecem nuvens em sua pelagem castanha clara. Este animal tb está em extinção. Vi também o urso preto e dorminhoco, não abriu os olhos enquanto eu o admirava. Apesar das feras selvagens que residem naquele espaço, a sensação era de absoluta paz. Uma profunda harmonia entre a paisagem colossal das montanhas do Himalaia, a presença daqueles animais, e o silêncio acariciado pelo sol que brilhava naquela manhã. Me senti espiritualizada, e em profunda harmonia com tudo aquilo. Foi no zoológico que encontrei um rapaz, que faz pulseiras coloridas de cordão com o nome. Pedi logo na entrada, que fizesse uma para meu filho com as cores da bandeira da Holanda. Na saída a pulseira estava pronta e ele me disse que eu havia dado sorte à ele, pois depois de mim ele pegou mais 5 encomendas, oque era anormal para um dia daqueles. A superstição e misticismo permeiam a cultura local. Vê-se nas paredes das casas e estabelecimentos, penduricalhos, retratos de figuras místicas e do Dalai Lama. O budismo é muito disseminado naquela região da Índia, vizinha do Tibet.
| Inus - Hotel Darjeeling |
Agora está sujo e fétido, mas funcionando perfeitamente. Levamos 1 hora para correr 7Kms. Isto incluindo uma paradinha para as fotos. Havia uns 15 turistas no trem incluindo eu. Alguns holandeses (meu deus eles estão em todos os lugares), ingleses, e franceses. Chegamos em Groom, a cidade onde começaria minha longa jornada. Peguei um Jeep, tipo lotação para descer os Himalaias. É assim que os locais se locomovem. Passei 4 horas espremida na traseira daquele Jeep fedido, repleto de indianos que olhavam para mim como se eu fosse uma jóia rara. Os responsáveis pelo Jeep, o motorista e mais 1 garoto que abria as portas para os passageiros entrarem e cobrava, eram garotos de no máximo 18 anos. O Jeep já estava lotado e eles paravam na cidade gritando: Siliguri, Siliguri, Siliguri, para obter mais passageiros. Contei 9 pessoas fora o motorista e o cobrador. Já quase no pé dos Himalaias o pneus furou, e ficamos mais de 20 minutos esperando ser trocado. Depois o motor parou e foram mais 10 minutos. O carro estava velho e sem manutenção, a porta traseira emperrava cada vez que a abria, e o garoto a batia com força para fechar. A viagem foi um tormento. Buzinas irritantes a cada curva, sim o indianos falam com as buzinas...saaaaiii da freeenteeee, estoooou passaaanddooooooooo. Fooommm, fooommm, foommmm, fooommm. Muitas curvas que me deixavam enjoada pois o garoto não dirigia bem, o barulho e cheiro do motor a diesel, a conversa entre eles, e a apreensão em uma estrada perigosa com precipícios profundos, nunca vistos por mim antes.
Chegamos
à Siliguri às 18h30 da tarde. E os “meninos”nos deixaram na entrada da cidade
ao invés de no centro. Pelo menos eu esperava que ficássemos no centro. Eu
tinha o nome de um Hotel que haviam me dado em Darjeeling. Mas como eu acharia
o Hotel no meio da noite, em uma cidade enorme, sim Siliguri é uma cidade muito
grande, barulhenta, caótica e suja. Como todas na Índia. Não posso dizer, mas
oque conhecia até aquele momento era ainda pior que Calcutá. Assim que chegamos
e saímos do Jeep, imediatamente vários indianos curiosos se aproximaram e
ficaram ao meu redor. Decidi perguntar à 2 rapazes indianos com caras de
estudantes que vieram no jeep comigo, mas se sentaram à frente. Achei que por
serem estudantes falariam inglês e poderiam me ajudar. Mas eles não me
entenderam, falavam muito mal o inglês e disseram que não sabiam onde havia
Hotel. Um deles balbuciou algumas palavras me orientando a pegar um Rit Chaw
(bicicleta) e ir até o centro. Eu já estava em desespero e um deles olhou para
o alto, apontou e se voltou para mim dizendo: Hotel. Por sorte há 20 metros havia um
letreiro grande acima de um prédio dizendo HOTEL. Tenho sorte, ou não? Talvez
sejam os deuses hindus, ou as vibrações budistas, não importa, eu estava
cansada, com dor de cabeça, e com medo, aquele letreiro foi a minha salvação –
Dei Graças à Deus!
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